26.12.11

Projeto



Natureza e visitantes para sempre








Ilha de Marajó / PA - Fazenda São Jerônimo


Muito mais do que praia deserta, a fazenda de Sr. Brito tem quilômetros de mata fechada, centenas de animais, alguns até em extinção, igarapés, mangues e muito, mas muito calor humano. Brisa boa, ventinho na varanda, sons de pássaros e de macacos. Conforto e comida farta, diversificada e exótica.


A Fazenda São Jerônimo foi palco do programa No Limite, da Rede Globo. Sr. Brito, o proprietário, conta: “Eles sobrevoaram a área e vieram dizer que tinha que ser aqui por causa da imensa praia deserta”.
O Ibama acaba de entregar ao sr. Brito uma guariba de dois meses, que foi encontrada sendo maltratada. O combinado foi cuidar dela e, em seguida, soltá-la na mata da Fazenda. O macaquinho já tem nome: Zulu, o hóspede fotogênico da São Jerônimo, além do sr. Brito, claro!
Localizada em Soure, cidadezinha da Ilha de Marajó,a Fazenda São Jerônimo vive das atividades do ecoturismo além dos coqueirais.


Búfalos e Tirolesa

Ao chegarmos, uma surpresa: tirolesa puxada por búfalos! Major Dourado, idealizador do circuito, comenta que a ilha é o único lugar do país onde a polícia está montada em búfalos. A manada da ilha é a maior do país. O animal é considerado um verdadeiro aliado da população, fornece leite, delicioso queijo, carne, artesanato, segurança, transporte e até diversão pois, no carnaval, são eles que puxam as carroças equipadas de som, e agora eles são também responsáveis pela aventura!
Símbolo da ilha, o búfalo chegou a Marajó por acaso, um navio carregado de animais, que seguia para a Guiana Francesa, encalhou na costa da ilha. Os animais, excelentes nadadores, vieram até a praia e se adaptaram ao clima inóspito. Diz-se que ainda é possível encontrar animais selvagens nas matas marajoaras.

 

Praia do Limite

Saindo de canoa pelo igarapé Tucumandubinha, podemos presenciar o fenômeno das marés, de seis em seis horas o igarapé seca completamente. No caminho da Praia do Limite, as garças, o pássaro Martim-pescador e as araras sobrevoavam entre o mangue o os coqueirais.
A remo, chegamos ao paraíso desértico onde o Rio Pará se encontra com o Oceano Atlântico. Devido ao rio, a água passa quase o ano todo doce, para nadar é uma delícia!

Carimbó

De noite, na Fazenda São Jerônimo, um show de Carimbó-Mirim. Um grupo de crianças de Soure, que mantêm seriamente as atividades ensaiando três vezes na semana, mostrou como o folclore é importante para resgatar e manter a tradição e características de uma localidade. Com amor e entusiasmo, elas contagiaram a todos com a dança típica do Marajó. Impossível não entrar na dança, os lindos caboclinhos e caboclinhas tiram as pessoas para dançar cheios de sensualidade.
O folclore marajoara segue a linha das lendas do índio e as do africano. Em geral, todo o folclore amazônico é cultuado assim como as pagelanças da herança indígena.

 

Igarapés

O dia começa cedo para sr. Brito: 5h40 é a hora certa para avistar as cotias que atravessam a trilha. Lá fomos nós, calados, subindo em uma das torres estratégicas construídas na época do programa No Limite. E não é que ele tinha razão? Valeu a pena acordar tão cedo!
No café da manhã, quem reina é o búfalo, ou melhor, a búfala. Na mesa serve-se o leite, a manteiga, a coalhada, o famoso queijo marajoara, doce de leite... Satisfeitos, saímos com seu Brito de canoa pelo igarapé passando entre um incrível manguezal, que chega a 30 metros de altura.
O delicioso percurso desemboca na praia deserta do Araruna. De lá, caminhamos por mais uma praia deserta até a Fazenda Araruna, um verdadeiro "point" dos Guarás. É garantido encontrá-los por ser uma área encharcada e repleta de sarará, o crustáceo causador de sua cor avermelhada.

Cavalgada

Montados em cavalos marajoaras, saímos rumo à Praia do Pesqueiro, a mais badalada praia de Soure. Passando com os cavalos entre trilhas, manguezais e campos, onde estão instaladas algumas provas do programa feito pela Rede Globo, alcançamos a praia deserta da propriedade e cavalgamos quilômetros na areia, entre o mar e o mangue, até chegarmos na Praia do Pesqueiro. Cenas de filme!
Na volta, uma curiosidade: em meio à fazenda, um homem camuflado e munido de uma espingarda vigia a área... Logo explica sr. Brito: “Este é o Nascimento, segurança que contratei para cuidar das 40 tocas de camaleoas que temos por aqui, agora em época de desova”. Sr. Brito está preocupado, pois a população local está habituada a se alimentar dos ovos e das próprias camaleoas, e por isso está empenhado em assegurar a sobrevivência dos filhotes. “Aos poucos, os nativos vão perceber que vale mais a pena preservar as espécies e trazer o turista para admirarem, do que caçarem para comer, isso dá emprego mais digno...”.



Texto de Equipe EcoViagem. Foto de Marcello MaestrelliPublicado em 28 de outubro de 2003 no site EcoViagem. Leia uma continuação aqui.

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