Natureza e visitantes para sempre
Ilha de Marajó / PA - Fazenda São Jerônimo
Muito mais do que praia deserta, a fazenda de Sr. Brito tem quilômetros de mata fechada, centenas de animais, alguns até em extinção, igarapés, mangues e muito, mas muito calor humano. Brisa boa, ventinho na varanda, sons de pássaros e de macacos. Conforto e comida farta, diversificada e exótica.
A Fazenda São Jerônimo foi palco
do programa No Limite, da Rede Globo. Sr. Brito, o proprietário, conta: “Eles
sobrevoaram a área e vieram dizer que tinha que ser aqui por causa da imensa
praia deserta”.
O Ibama acaba de
entregar ao sr. Brito uma guariba de dois meses, que foi encontrada sendo
maltratada. O combinado foi cuidar dela e, em seguida, soltá-la na mata da
Fazenda. O macaquinho já tem nome: Zulu, o hóspede fotogênico da São Jerônimo,
além do sr. Brito, claro!
Localizada em Soure,
cidadezinha da Ilha de Marajó,a Fazenda São Jerônimo vive das atividades do
ecoturismo além dos coqueirais.
Búfalos
e Tirolesa
Ao chegarmos, uma surpresa:
tirolesa puxada por búfalos! Major Dourado, idealizador do circuito, comenta
que a ilha é o único lugar do país onde a polícia está montada em búfalos. A
manada da ilha é a maior do país. O animal é considerado um verdadeiro aliado
da população, fornece leite, delicioso queijo, carne, artesanato, segurança,
transporte e até diversão pois, no carnaval, são eles que puxam as carroças
equipadas de som, e agora eles são também responsáveis pela aventura!
Símbolo da ilha, o
búfalo chegou a Marajó por acaso, um navio carregado de animais, que seguia
para a Guiana Francesa, encalhou na costa da ilha. Os animais, excelentes
nadadores, vieram até a praia e se adaptaram ao clima inóspito. Diz-se que
ainda é possível encontrar animais selvagens nas matas marajoaras.
Praia
do Limite
Saindo de canoa pelo igarapé
Tucumandubinha, podemos presenciar o fenômeno das marés, de seis em seis horas
o igarapé seca completamente. No caminho da Praia do Limite, as garças, o
pássaro Martim-pescador e as araras sobrevoavam entre o mangue o os coqueirais.
A remo, chegamos ao paraíso
desértico onde o Rio Pará se encontra com o Oceano Atlântico. Devido ao rio, a
água passa quase o ano todo doce, para nadar é uma delícia!
Carimbó
De noite, na Fazenda São Jerônimo,
um show de Carimbó-Mirim. Um grupo de crianças de Soure, que mantêm seriamente
as atividades ensaiando três vezes na semana, mostrou como o folclore é
importante para resgatar e manter a tradição e características de uma
localidade. Com amor e entusiasmo, elas contagiaram a todos com a dança típica
do Marajó. Impossível não entrar na dança, os lindos caboclinhos e caboclinhas
tiram as pessoas para dançar cheios de sensualidade.
O folclore marajoara
segue a linha das lendas do índio e as do africano. Em geral, todo o folclore
amazônico é cultuado assim como as pagelanças da herança indígena.
Igarapés
O dia começa cedo para
sr. Brito: 5h40 é a hora certa para avistar as cotias que atravessam a trilha.
Lá fomos nós, calados, subindo em uma das torres estratégicas construídas na
época do programa No Limite. E não é que ele tinha razão? Valeu a pena acordar
tão cedo!
No café da manhã, quem
reina é o búfalo, ou melhor, a búfala. Na mesa serve-se o leite, a manteiga, a
coalhada, o famoso queijo marajoara, doce de leite... Satisfeitos, saímos com
seu Brito de canoa pelo igarapé passando entre um incrível manguezal, que chega
a 30 metros de altura.
O delicioso percurso
desemboca na praia deserta do Araruna. De lá, caminhamos por mais uma praia
deserta até a Fazenda Araruna, um verdadeiro "point" dos Guarás. É garantido
encontrá-los por ser uma área encharcada e repleta de sarará, o crustáceo
causador de sua cor avermelhada.
Cavalgada
Montados em cavalos marajoaras,
saímos rumo à Praia do Pesqueiro, a mais badalada praia de Soure. Passando com
os cavalos entre trilhas, manguezais e campos, onde estão instaladas algumas
provas do programa feito pela Rede Globo, alcançamos a praia deserta da
propriedade e cavalgamos quilômetros na areia, entre o mar e o mangue, até
chegarmos na Praia do Pesqueiro. Cenas de filme!
Na volta, uma curiosidade: em meio
à fazenda, um homem camuflado e munido de uma espingarda vigia a área... Logo
explica sr. Brito: “Este é o Nascimento, segurança que contratei para cuidar
das 40 tocas de camaleoas que temos por aqui, agora em época de desova”. Sr.
Brito está preocupado, pois a população local está habituada a se alimentar dos
ovos e das próprias camaleoas, e por isso está empenhado em assegurar a
sobrevivência dos filhotes. “Aos poucos, os nativos vão perceber que vale mais
a pena preservar as espécies e trazer o turista para admirarem, do que caçarem
para comer, isso dá emprego mais digno...”.